E assim se vai passando os nossos intervalos, com
histórias de livros e com livros.
“Conversas em família… na ESVV
Um dia, cheguei à escola e encontrei na sala dos
professores uma caixa com os dizeres: Livros para entregar à Biblioteca de
Pitões das Júnias. Percebi que além desta proposta, havia uma outra que
sugeria, integrado no mês das bibliotecas, que alguns professores no decurso de
um dos intervalos, dessem a conhecer aos restantes colegas, um livro que os
tivesse marcado na infância. Como não podia deixar de ser, uma das principais
instigadoras a que os professores revisitassem as suas memórias, foi a primeira
a contar uma pequena estória/memória de um livro que a marcou. E
perdoem-me a inconfidência, mas o episódio, e história que o acompanhou, foi
tão sincero, genuíno e fidedigno que no final da exposição, grande parte dos professores
presentes estava com uma lágrima no canto do olho. Foi a primeira de muitas,
com os restantes colegas a sentirem-se na obrigação de dar continuidade a essa
estória que havia sido designada, muito a propósito “Um livro, um espólio…de afetos…”.
Depois de algumas outras estórias de livros que
marcaram infâncias de colegas, dei os parabéns aos organizadores por aquilo que
eu designei de “conversas em família…na sala dos professores” pois entendia, e
entendo, que elas nos transportavam à infância daqueles de quem às vezes só conhecemos
a disciplina que lecionam, mas cujo passado longínquo, e o que andaram para
aqui chegar, nem suspeitamos.
Escusado será dizer que depois deste encontro imediato fui logo incumbido de
fazer a apresentação de um livro que também me tenha marcado, na infância.
Desafio aceite e, deixo aqui uma pequena parte do que preparei para transmitir
aos colegas, na próxima sexta feira. O sugestivo título que entendi dar à minha
intervenção, foi: “Major Alvega…e o
assassínio em massa das… moscas alentejanas”. Isto porque, percebi ao
revisitar a minha infância, que os hábitos de leitura podem ter feito de
mim…uma criança sádica e perigosa. Percebi também, juntando peças soltas da
infância, que houve um conjunto de situações que fez com que a leitura fosse um
dos meus hobbies preferidos.
Filho de professora primária, fiz 1ª e 2ª classe no
mesmo ano e sentia a necessidade de estar sempre entre os melhores da classe para
provar a justeza de ter realizado dois anos… num. E isso passava por ler muito e
saber fazer bem as contas. Existia à época, a biblioteca itinerante da
Gulbenkian e a minha infância, até 1974, contemplava também três meses de
FÉRIAS (forçadas e mesmo) GRANDES na terra da minha mãe, a Vila Alentejana de
Serpa…
O resto da
história? Apareçam na ESVV na sexta feira, ou, fiquem apenas com o final: “…não me orgulho deste meu passado e estou
certo que o PAN ainda hoje poderá fazer com que eu venha a ser condenado pelo
assassínio em massa, de inúmero mosquedo alentejano.
Parafraseando uma colega, “quem sabe, um dia, não se faça uma
compilação destas preciosas
estórias que nos falam do nosso atrevido-perigoso-e-muito suspeito envolvimento
com LIVROS!!!”
Perigoso? Claro. As moscas alentejanas que o digam…
Carlos Mangas