segunda-feira, 4 de abril de 2016

O escritor Rui Sousa Basto na ESVV



Corria o ano de dois mil e dezasseis, do dia 15 de março. Na ESVV estava tudo organizado para receber o escritor Rui Sousa Basto, com a finalidade de apresentar Contos do efémero. O escritor, ainda no espaço exterior do auditório foi gentilmente alertado para não se assustar com a surpresa que alguns dos alunos tinham preparado, com a mestria da coordenadora Cristina Oliveira, do grupo de teatro (VerdEmCena) e com a astuta colaboração da professora Maria José e da supervisão da Coordenadora da Biblioteca (agregadora de vontades), Eduarda Ribeiro.
Nada neste encontro foi convencional. Não que o convencional não tenha direito à sua existência, mas estes encontros tendem a toldar-se de cor cinza pelos longos discursos dos “especialistas” e toldam-se de impaciência a maioria dos nossos alunos. Dito isto, ainda bem que nada foi convencional, sendo surpreendentemente envolvente, dialogante, com momentos de criatividade única, enternecedora e envolvente. Sim. Todos nós queríamos saber sobre o processo criador do escritor convidado. Sim. Todos nós precisávamos de saber um pouco mais em que consistem esses ditos micro-contos da obra “Contos do Efémero”. Sim. Todos nós ficamos agradecidos pela forma calorosa como o escritor Rui Sousa Basto partilhou connosco a sua imersão na escrita, já em idade tardia (49 anos); da forma como foi evoluindo na sua compreensão do mundo que o rodeia ao ler os tantos livros, legados pelos seus antepassados; da espontaneidade como surge o ato criador da essência de um conto; das muitas vezes que o texto é de novo revisto, revisitado, burilado, aperfeiçoado, até “deitar fora” o supérfluo. O escritor comunica com a plateia (11ºA, D, L e I; 12º I ), num estilo improvisado mas primorosamente adequado, intercala silêncios, leitura, questões, frases feitas em fina ironia,

E antes da palavra dada ao escritor, foi dada voz ao grupo de teatro: cada personagem com as suas falas,
- a personagem fixa e rígida no 1º degrau junto à porta de entrada,  lê pausadamente e com intervalos longos: UM… DOIS… TRÊS… QUATRO… CINCO… SEIS… SETE………
- a personagem que entra da porta no lado oposto,  lateral à mesa central e assume o seu papel de… (meretriz?)
- a personagem que se desloca ao longo da plateia e diz as palavras certas de um dos micro-contos…
E pelo meio a plateia em profundo silêncio, encantados e rendidos à surpresa.
E, como se não fosse já bastante, um ser criador, de seu nome Camelo, desenhava as ideias que eram ditas…
As palavras soltaram-se da obra, do conto e passaram a ter sentido iconográfico… tinham, parece, uma simbologia inerente à virgula e ao travessão… mera pontuação do texto e que pelos vistos pode assumir aproximação e/ou afastamento… união ou desunião e outras coisas que tais….
Maravilhoso o momento criativo. O escritor ouvia as suas palavras, o que as palavras podem ser em desenho e devolveu apenas a vírgula ao artista. E disse, claramente dito: ”A vírgula é sua…”.
Estávamos quase no final do encontro, tempo para a professora Maria José referir a simbologia da pontuação em Eça de Queirós… e em outros escritores. Dita com a suavidade que lhe é peculiar, com a intensidade com que vivencia a poesia, os contos e a escrita em geral… e eís que nos foi possível ouvir do escritor Rui Sousa Basto que Sim, que foi mesmo surpreendido e presenteado com momentos de elevada envolvência (a elevada é expressão nossa). Bem haja ao escritor que retirou horas da sua labuta para nos vir falar da sua obra.
P.S: não é demais vincar o micro-conto que surge das “vergastadas nos limões”. Se ficou curioso leia os contos.
E seja feliz!







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