A propósito do lançamento do
livro póstumo do poeta Herberto Helder (1930-2015), Poemas Canhotos, editado pela Porto Editora, citamos o artigo do
Jornal de Notícias, na sua versão on line:
"Desde nascer a morrer que não entendo
nada", lê-se num dos poemas, no qual o autor se questiona: "que
interessa fazer a barba/ se é tudo para cremar/ desde as unhas dos pés aos
espelhos soberanos - Leonardo, Camões, Newton, Amadeus Mozart/ et coetera/ que
interessa?"
No desafio à morte, Herberto Helder recorda
igualmente o universo de Gertrude Stein ("morrer por uma rosa é que fia
mais fino"), fala das caricaturas dinamarquesas ("a malta gozava
fazendo caricaturas sacrílegas dos ayatolas/ mais um pouco e salvava-se o
mundo"), do poeta António Ramos Rosa ("estava deitado na cama contra
a parede e fechou os olhos e fechou a boca e ficou todo fechado e então morreu
todo fundo e completo de uma só vez [...] e ele sou eu").
Porque, afinal, os jornais diários também podem falar de
poesia!
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