terça-feira, 29 de novembro de 2016

Um livro, um espólio de afetos



E assim se vai passando os nossos intervalos, com histórias de livros e com livros.

“Conversas em família… na ESVV
Um dia, cheguei à escola e encontrei na sala dos professores uma caixa com os dizeres: Livros para entregar à Biblioteca de Pitões das Júnias. Percebi que além desta proposta, havia uma outra que sugeria, integrado no mês das bibliotecas, que alguns professores no decurso de um dos intervalos, dessem a conhecer aos restantes colegas, um livro que os tivesse marcado na infância. Como não podia deixar de ser, uma das principais instigadoras a que os professores revisitassem as suas memórias, foi a primeira a contar uma pequena estória/memória de um livro que a marcou. E perdoem-me a inconfidência, mas o episódio, e história que o acompanhou, foi tão sincero, genuíno e fidedigno que no final da exposição, grande parte dos professores presentes estava com uma lágrima no canto do olho. Foi a primeira de muitas, com os restantes colegas a sentirem-se na obrigação de dar continuidade a essa estória que havia sido designada, muito a propósito “Um livro, um espólio…de afetos…”.
Depois de algumas outras estórias de livros que marcaram infâncias de colegas, dei os parabéns aos organizadores por aquilo que eu designei de “conversas em família…na sala dos professores” pois entendia, e entendo, que elas nos transportavam à infância daqueles de quem às vezes só conhecemos a disciplina que lecionam, mas cujo passado longínquo, e o que andaram para aqui chegar, nem suspeitamos.
Escusado será dizer que depois deste encontro imediato fui logo incumbido de fazer a apresentação de um livro que também me tenha marcado, na infância. Desafio aceite e, deixo aqui uma pequena parte do que preparei para transmitir aos colegas, na próxima sexta feira. O sugestivo título que entendi dar à minha intervenção, foi: “Major Alvega…e o assassínio em massa das… moscas alentejanas”. Isto porque, percebi ao revisitar a minha infância, que os hábitos de leitura podem ter feito de mim…uma criança sádica e perigosa. Percebi também, juntando peças soltas da infância, que houve um conjunto de situações que fez com que a leitura fosse um dos meus hobbies preferidos.
Filho de professora primária, fiz 1ª e 2ª classe no mesmo ano e sentia a necessidade de estar sempre entre os melhores da classe para provar a justeza de ter realizado dois anos… num. E isso passava por ler muito e saber fazer bem as contas. Existia à época, a biblioteca itinerante da Gulbenkian e a minha infância, até 1974, contemplava também três meses de FÉRIAS (forçadas e mesmo) GRANDES na terra da minha mãe, a Vila Alentejana de Serpa…
O resto da história? Apareçam na ESVV na sexta feira, ou, fiquem apenas com o final: “…não me orgulho deste meu passado e estou certo que o PAN ainda hoje poderá fazer com que eu venha a ser condenado pelo assassínio em massa, de inúmero mosquedo alentejano.

Parafraseando uma colega, “quem sabe, um dia, não se faça uma compilação destas preciosas estórias que nos falam do nosso atrevido-perigoso-e-muito suspeito envolvimento com LIVROS!!!

Perigoso? Claro. As moscas alentejanas que o digam…
Carlos Mangas

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