quarta-feira, 4 de março de 2015

A propósito da Rainha Ginga
"Assim, nesse mesmo dia, por volta das seis da tarde, surgiu no Palácio do Governador vestida, como era seu hábito, com uma bela capa escarlate sobre os ombros magros e um finíssimo pano de musselina, com flores pintadas, elegantemente preso à cintura por uma cinta de camurça, cravejada de diamantes e de outras pedras raras. O governador recebeu-a sentado num cadeirão alto, quase um trono, tendo ao seu lado as autoridades militares. Para Ginga reservara uma almofada, debruada a ouro, sobre uma sedosa alcatifa. Não o fizera por malícia ou má-fé, antes para agradar à embaixadora, pois os seus conselheiros lhe haviam assegurado que os potentados gentios não apreciam cadeiras, preferindo sentar-se no chão raso. A Ginga não o entendeu assim. Deu ordens a uma das escravas, uma jovem mulher de graciosa figura, chamada Henda, para que se ajoelhasse na alcatifa e, para assombro de todos os presentes, sentou-se sobre o dorso da infeliz." in José Eduardo Agualusa, A Rainha Ginga - E de como os africanos inventaram o mundo, Quetzal, 2014, p.35

2 comentários:

  1. Aguardo ansiosamente a muamba da Comunidade!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Inauguramos as leituras gastronómicas. Se não houver muamba haverá uma grande "MACA"!

      Eliminar